sexta-feira, 5 de junho de 2020

Nota da Enfrente: Combate ao vírus e ao fascismo em defesa da democracia e do direito à vida.



Nota da Enfrente: Combate ao vírus e ao fascismo em defesa da democracia e do direito à vida.


            Os últimos meses têm sido dramáticos para a população brasileira. Crise social, política e econômica se confundem com uma pandemia que já vitimou mais de trinta mil pessoas em nosso país, colocando o povo trabalhador em um cenário onde as saídas se tornam cada vez mais estreitas. Desde meados de março, quando se anunciou em todos os estados medidas de isolamento social para combater-se a propagação do Covid-19, Jair Bolsonaro fez tudo que esteve ao seu alcance para sabotar qualquer tentativa de contenção e redução de danos por conta da pandemia.
            Apesar de todos os escândalos e crises internas que abalaram nos últimos meses o governo de Bolsonaro, o mesmo têm se aproveitado da gravidade da situação para avançar com seu projeto miliciano e autocrático. Se por um lado, mostra cada vez mais a incapacidade de seu governo em atender minimamente as necessidades mais básicas da população, pelo outro não recua um único passo em sua escalada fascista para acabar com o que resta do Estado Democrático de Direito. Os péssimos resultados apresentados em relação ao crescimento econômico do país, com o dólar já ultrapassando os cinco reais, a vergonhosa diplomacia exercida sob a tutela dos EUA, a escancarada interferência no poder Judiciário para impedir o andamento das investigações em sua família, e  o desastre das políticas de saúde pública no enfrentamento ao corona-vírus,  são compensados pela disseminação e radicalização do discurso fundamentalista e negacionista, e de ataques abertos às instituições da República, fantasiados de ataques pessoais a governadores e ministros.  Sua rede de terroristas virtuais dispara diariamente mentiras e conspirações sobre tudo que se possa pensar, passando pela real gravidade da pandemia, questionando números oficiais e posições de entidades e especialistas de todo o mundo sobre o uso de medicamentos, até a “ameaça vermelha” representada pelo dragão chinês, fonte de todo o mal que assombra o ocidente!
             A despeito disso, não há dúvidas de que uma onda fascista em marcha, que se aproveita do desespero da população pelo agravamento da crise econômica diante da pandemia, e do estado de imobilidade que se impôs a toda a esquerda diante da necessidade de se defender o isolamento social como combate à disseminação do vírus. Protestos de rua são semanalmente promovidos pela extrema direita bolsonarista. Ostentando bandeiras dos EUA, Israel e de grupos neonazistas ucranianos às claras, pedem desde a reabertura total dos comércios e o fim do isolamento até a instauração de um novo AI-5. Não bastando os ataques à democracia desses lunáticos de costume, vemos supremacistas brancos instalarem um acampamento militarizado em frente ao Palácio da Alvorada, defendendo explicitamente um golpe armado, munido de referências nazistas e até mesmo à Ku Klux Klan dos EUA.
            A cada instante, o sentimento de revolta cresce e toma conta da população que assistiu enclausurada a essa odiosa escalada autoritária se construindo diante de seus olhos até o último domingo, 31 de maio. Em muitas capitais do Brasil, movimentos sociais se juntaram ao chamado de coletivos de torcidas organizadas para levar a bandeira do Antifascismo às ruas, rompendo com a inércia de quase três meses de manifestações da oposição e levantando o grito da revolta dos trabalhadores que desejam estancar o projeto protofascista de Bolsonaro e seis seguidores.
            A este evento, vemos explodir centenas de manifestações nas redes sociais, em oposição direta ao avanço do fascismo bolsonarista, um clima de indignação se generaliza e começa a reverberar em diversos segmentos da sociedade, com a promessa que no próximo domingo, dia 07 de junho, as massas irão enfrentar Bolsonaro. Já se pode ver a reação do desespero burguês da direita e da extrema-direita, enquanto parlamentares do PSL já se mobilizam para tentar criminalizar os antifascistas; em São Paulo, Dória já demonstrou no último ato que sua polícia só usa violência contra o povo pobre e trabalhador. Enquanto tudo isso ocorre, nos EUA, a onda de protestos que acontecem neste momento em todo os EUA pelo assassinato de George Floyd, e que chegou às portas da Casa Branca, mostra que os povos de todo o mundo se cansaram de aceitar a humilhação e as injustiças promovidas por um sistema que usa da extrema-direita para continuar existindo.
            Não devemos abandonar a campanha pelo isolamento frente ao crescimento exponencial de mortos pela coronavírus (Covid-19), enquanto Bolsonaro barganha com a vida da população, o que fará aumentar em muito os números de vítimas, pois ele negligencia propositalmente a pandemia. Defendemos a vida e a dignidade humana, e, portanto, a necessidade de se reforçar os cuidados e práticas sanitárias e de isolamento, bem como políticas adequadas para suprir as necessidades mais imediatas da população. Dito isto, reconhecemos que a reação ao bolsonarismo está lançada, e que há a extrema necessidade de se tomar uma posição frente ao golpe em curso, enterrando-o de uma vez por todas e os arremessando na lata de lixo da história. Aqueles que estiverem aptos a comparecer à manifestação de domingo devem tomar todas precauções necessárias para evitar que se multipliquem os contaminados pelo Covid-19. Apoiamos os movimentos Antifascistas e sua luta pela defesa da Democracia, repudiamos toda e qualquer tentativa feita pela grande mídia de tentar igualar ou mesmo diminuir este movimento às nefastas passeatas e investidas fascistas deste governo autoritário, genocida e movido à “fake News”.

            Enfrente, companheiros e companheiras!

São Paulo, 05 de junho de 2020.
ENFRENTE

Um comentário:

  1. Estamos sem partidos de oposição para discutir e disputar a política. Pelo contrário esses partidos da esquerda liberal aderiu o projeto único da chamada direita de entrega o pais e assumiu o modelo agro Exportador. Prova cabal desta capitulação em votar nas PEC 10/2020 e PLP 39 que repassa toda as reservas do país para a banca privada. O senhor Paulo Guedes chegou até fazer uma piada num jantar referente a posição destes partidos da oposição em relação as tais PEC e PLP . Em 2021 não terá nenhum recursos para os setores públicos . Não teremos nem mais esses precários serviços públicos . Enquanto isso os bodes das salas estão sendo discutidos pelos os movimentos sociais liberais. E pior que o Bolsonaro está exercendo muito bem esse papel de ficar colocando os bodes na sala. Se ele continuar executando esse papel e bem provável que o detentor do poder político, que e o sistema econômico privado prefira continuar com ele em 2022 . Estamos abdicando da verdadeira política para ficar debatendo políticas chamadas minorias e debatendo temas sem nenhuma relevância para a soberania do país. Estamos entrando num beco sem saída .

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