sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O PSOL deve lançar um candidato de oposição à presidência da Câmara dos Deputados

Em fevereiro de 2021 acontecerão as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados no Congresso Nacional e, não sendo surpresa para ninguém, as forças que disputam a possibilidade real de ocuparem o posto se encontram à direita, em especial dois candidatos. Impossibilitado de buscar a reeleição, Rodrigo Maia indicou junto dos partidos de sua base aliada o deputado Baleia Rossi, do MDB de São Paulo. Pelo outro lado, Bolsonaro sinalizou seu apoio a Arthur Lira, do PP de Alagoas.
Lamentavelmente, em defesa da tão vulgarizada premissa do mal menor, quase toda a oposição caiu nos braços do “centrão”, esquecendo que é pelo centro que trafega a absoluta maioria da direita. A rigor, a bancada dos partidos de esquerda e centro-esquerda possui 132 deputados, número insuficiente para se disputar o segundo turno, mas que será relevante o suficiente para dar ou tirar a vitória a qualquer um dos dois blocos majoritários.
Entendemos que o apoio ao candidato de Maia é a aceitação definitiva da hegemonia direitista neoliberal dentro do cenário político atual. A chamada direita tradicional já sinalizou que busca costurar um pacto político para 2022 onde possa por um lado anular a barulhenta e instável extrema direita bolsonarista, e por outro enfraquecer a esquerda como oposição efetiva, desmoralizando-a, anulando sua capacidade de mobilizar as massas e de fazer a devida disputa ideológica contra as narrativas ideológicas burguesas neoliberais.
Algumas coisas talvez precisem ser lembradas aos nossos companheiros e companheiras que dizem fazer oposição aos golpistas e fascistas que usurparam o poder com Michel Temer. Rodrigo Maia tem liderado o Congresso desde 2016, quando Eduardo Cunha, após concretizar a conspiração contra a então presidenta Dilma Rousseff, foi escarrado e sacrificado politicamente pela sua própria base aliada. Desde que assumiu a presidência da Câmara interinamente, Maia, que é do DEM, tem sido uma das lideranças oficiais da agenda econômica neoliberal; segurou a barra de Michel Temer quando este ostentava absoluta impopularidade; com isso ele conseguiu levar à vitória a reforma trabalhista em 2017, e foi peça central na articulação para garantir que a reforma da Previdência no ano passado fosse vencedora; e cinicamente, em nome da ordem, garantiu durante dois anos que Bolsonaro se mantivesse sentado na cadeira presidencial ao arquivar todos os 56 pedidos de impeachment que recebeu até o momento.
O deputado federal Rodrigo Maia é, pois, o indivíduo que, com seu cinismo absoluto, se coloca como defensor do diálogo e da democracia, e hoje está nos ditando a quem devemos ou não escolher como carrasco, como se o deputado Baleia Rossi, membro da Frente Parlamentar Agropecuarista, que votou pela destituição de Dilma em 2016, que tem sido um fiel apoiador das propostas do governo, fosse alternativa a Arthur Lira, igualmente repudiável, também membro da bancada ruralista, mas que tem como única desvantagem aparente a imagem de Bolsonaro ao seu lado.
Sem desconsiderar toda a farsa jurídica e midiática promovida pelas forças reacionárias, devemos ter a consciência de que a emergência da extrema direita no país foi também consequência da política oportunista e vacilante praticada pelos governos petistas durante anos, onde a priorização de acordos políticos com os representantes da burguesia em detrimento do fortalecimento das bases e da organização popular, levou a esquerda a cair no descrédito perante a opinião pública. Mesmo assim, em troca do apoio à sua eleição, PT, PSB, PDT e PCdoB não hesitaram entregar a Baleia Rossi uma “carta de compromisso”, exigindo do emedebista seu compromisso com a democracia e o diálogo parlamentar.
Nesta carta não foi colocada como pré-condição ao apoio a exigência do impeachment de Bolsonaro, a revogação da Emenda Constitucional do teto de gastos, a defesa do SUS, a tributação de grandes fortunas, nem qualquer defesa objetiva dos interesses nacionais; nada também que diga respeito às péssimas condições que se encontra o povo brasileiro; em vez disso, aparecem exigências genéricas como “defesa da democracia”, “proporcionalidade na Mesa Diretora”, “instalação de CPI’s” e “convocar Ministros para se explicarem”, palavras vazias que nada dizem sobre os reais interesses em jogo.
Para nós, os partidos que decidiram seu apoio a Baleia Rossi escolhem o caminho da capitulação definitiva ao golpe de 2016, à preservação da ameaça fascista que ainda nos ronda e o desmantelamento da soberania nacional. Em nome de um pragmatismo desprovido de leitura e análise concreta e mais profunda da situação, a esquerda cairá mais uma vez na armadilha direitista, e com ela também a dignidade do povo brasileiro, pois como bem disse Rodrigo Maia em entrevista recente à Folha de São Paulo, “é lógico que a agenda econômica continuará liberal”.
Enquanto o PT capitula diante de seus carrascos, o PSOL se mantém à margem de qualquer acordo até o momento e deve, portanto, pela sua posição política e ideológica em favor do socialismo e dos direitos da classe trabalhadora, cumprir o dever de se colocar na oposição desta farsa transparente que busca legitimar o golpe de 2016 e o autoritarismo político e econômico que violenta a população com seus mais de quatorze milhões de desempregados
É evidente que o PSOL, isolado com apenas dez deputados dificilmente conseguirá interferir no resultado da votação. Mas há mais coisas entre o céu e a terra do que nossa vã política parlamentar. Neste momento, é necessário acirrarmos a disputa ideológica, manter erguida a oposição real a este governo e a política nefasta de Paulo Guedes, que conta com aliados em praticamente todos os partidos do Congresso. Somente assim poderemos construir as condições para que se forme um movimento popular à altura dos desafios colocados, barrar o avanço neoliberal e o fascismo bolsonarista.
A não adesão a qualquer um dos blocos apoiados pelos golpistas deve vir acompanhada de uma posição firme e marcada contra o que representam ambas as facções direitistas. Precisamos contornar a situação e desestabilizar a direita em seu conjunto; para isso, entendemos que, com o lançamento de uma candidatura própria, o PSOL não só marcará uma postura consequente enquanto oposição, mas também jogará a responsabilidade sobre as demais forças da esquerda para que revejam sua orientação e fortaleçam a resistência ao programa neoliberal, ao fascismo e ao retrocesso civilizatório pelo qual passamos.


Janeiro 2021, ENFRENTE !

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

NOTA DA ENFRENTE CONTRA O RETORNO ÀS AULAS

A conduta genocida dos governantes é algo singular na história em geral e em particular na educação no Estado de São Paulo. 2020 foi um ano de muitas lutas e resistências diante das sucessivas investidas do governo João Dória/Rossieli Soares contra educadores, educandos e comunidade, tentando a todo momento o retorno às aulas presenciais sem levar em conta as necessárias medidas de segurança, embora na grande mídia o discurso era uma maravilha.

Como o movimento organizado dos educadores e dos pais derrotou esta imposição da política de morte (necropolítica), o governo tenta agora iniciar o ano letivo de 2021 de forma presencial. Mas como isso seria feito? A SEDUC não negocia e não é transparente com os pais, alunos/as e Entidades do magistério, atitude que se tornou costumeira neste governo, embora seu secretário da educação Rossieli se apresente na grande mídia com sua fala mansa e aparentemente democrática. Nem falemos da seriedade hipócrita do governador Dória e do prefeito eleito Bruno Covas. Enquanto nos tiram direitos e congelam nossos salários, aumentam de forma escandalosa os próprios salários, sem falar nas mordomias e privilégios.

Sobre a tentativa de retorno às aulas de maneira açodada, várias Entidades ingressaram na Justiça contra mais essa tentativa criminosa do governo e seus apoiadores políticos na ALESP.

Todos sabemos que vem aumentando o número de infectados e mortes pelo corona vírus e a única resposta possível é a vacinação em massa para conter o avanço da pandemia e o retorno gradativo à vida normal dentro de novos parâmetros de saúde. As condições sanitárias não estão asseguradas para este efetivo retorno. Não podemos colocar a vida do corpo docente, discente, funcionários e comunidade na fila do corredor da morte como querem os governantes, tanto em nível estadual como federal.

Precisamos continuar organizados e mobilizados para, se necessário, realizarmos até mesmo uma potente greve de alunos e professores na defesa intransigente da vida.

Vacinação para todos e todas já!

Lutar, resistir e vencer é preciso!

ENFRENTE sempre!