sexta-feira, 12 de março de 2021

Nota de pesar da Enfrente! pelo falecimento do Professor José Luiz Torres


Eu não vou conseguir falar do Zé Luiz sem ser em primeira pessoa. Simplesmente não dá. Pensa numa pessoa “gente boa”.

Conheci o Zé (Professor José Luiz Torres) em...não lembro mais o ano. 2010, 2011.  A vida nos colocou no mesmo lugar de trabalho na E.E. Prof. Jorge Rahme, no bairro do Taboão, em São Bernardo do Campo.

O Zé era muito querido tanto por colegas quanto pelos alunos. Ontem mesmo recebi uma mensagem preocupada de uma ex-aluna, perguntando sobre ele e dizendo que “ele é fera em Matemática e tem muita paciência para ensinar”.

Para além dos muros da escola, o Zé era um guerreiro. Trabalhava há muitos anos em duas redes (Prefeitura de São Paulo e Estado). Sempre foi um defensor da organização sindical e partidária dos trabalhadores. Nunca furou um dia de greve. Era aquele colega, aquele amigo, aquele companheiro que você podia contar que não ia furar, apertasse onde fosse. Em 2015, esteve na luta na longa greve dos 90 dias. Mas aos finais de semana, o tempo era para a família. Lembro o quanto ele cuidou do pai, que adoeceu por um longo período, antes de falecer.

Mas ao mesmo tempo era difícil conseguir brigar com o Zé. Acho que era o mesmo que tentar brigar sozinho. Zé era de luta, mas era da paz. Uma pessoa amável, sempre gentil com todos e todas – menos quando era para falar dos nossos algozes.

O Zé não fumava e também não era do boteco. Mesmo assim, o Covid conseguiu causar uma lesão enorme nos seus pulmões e lhe roubar a vida, mesmo sendo um homem tão forte que fazia parte de grupos de caminhada até Aparecida do Norte.

Nos últimos dias, pensei: “nossa, como o Zé sempre confiou em mim”. Chamei-o pra militar no extinto MTS, no MOVE, e na Enfrente!. Nunca recusou um convite. Ele sabia muito bem à qual classe social pertencia. Morreu construindo a Enfrente! e o PSOL.

Lecionou na escola “E.E. Dr. Fausto Cardoso Figueira de Mello”, também em São Bernardo do Campo – onde deixou mais uma série de amigos.

Atualmente, lecionava na E.E. Professora Teruko Ueda Yamaguti em São Paulo, e na EMEF Luiz Gonzaga do Nascimento Jr – Gonzaguinha. Por onde passou, saudade deixou.

Seu nome não será esquecido. Mas até agora não acredito nas minhas próprias palavras, pois ainda parece uma ficção imaginar que o Zé morreu. Quem vos escreve está em verdadeiro estado de choque. Um dos nossos tombou. Não acredito que vou chamar seu nome, Zé.

José Luiz Torres – presente!

José Luiz Torres – presente!

José Luiz Torres – presente!

E com certeza o Zé gostaria que terminasse assim:

#ForaBolsonaro

#VacinaJá

 

Alessandra, uma amiga, uma colega, uma companheira de luta.



 

segunda-feira, 8 de março de 2021

Oito de Março: Mas por que não é feliz?

 Oito de Março: Mas por que não é feliz?

Nenhuma data chega sem luta. Nenhum direito se conquista sem dor. Por isso nem cabe flor.

Não é feliz lembrar operárias pegando fogo dentro de uma fábrica. Não é romântico saber que a cada dois minutos uma mulher é agredida, que a violência doméstica aumentou na pandemia e 181 mulheres são estupradas por dia.

Não lembra chocolate que metade dos lares brasileiros é sustentada somente por mulheres, que recebem menos que os homens e trabalham vinte horas a mais por semana.

Não queremos festa, não queremos parabéns. Queremos nossas vidas, queremos estudar, andar por aí sem se preocupar.

Queremos vacina, não queremos genocida!

#Bastadefeminicídio

#ForaBolsonaro

#Vacinajá

#Oitodemarçodeluta