Eu não vou conseguir falar do Zé
Luiz sem ser em primeira pessoa. Simplesmente não dá. Pensa numa pessoa “gente
boa”.
Conheci o Zé (Professor José Luiz
Torres) em...não lembro mais o ano. 2010, 2011. A vida nos colocou no mesmo lugar de trabalho
na E.E. Prof. Jorge Rahme, no bairro do Taboão, em São Bernardo do Campo.
O Zé era muito querido tanto por
colegas quanto pelos alunos. Ontem mesmo recebi uma mensagem preocupada de uma
ex-aluna, perguntando sobre ele e dizendo que “ele é fera em Matemática e tem
muita paciência para ensinar”.
Para além dos muros da escola, o
Zé era um guerreiro. Trabalhava há muitos anos em duas redes (Prefeitura de São
Paulo e Estado). Sempre foi um defensor da organização sindical e partidária
dos trabalhadores. Nunca furou um dia de greve. Era aquele colega, aquele
amigo, aquele companheiro que você podia contar que não ia furar, apertasse
onde fosse. Em 2015, esteve na luta na longa greve dos 90 dias. Mas aos finais
de semana, o tempo era para a família. Lembro o quanto ele cuidou do pai, que adoeceu
por um longo período, antes de falecer.
Mas ao mesmo tempo era difícil
conseguir brigar com o Zé. Acho que era o mesmo que tentar brigar sozinho. Zé
era de luta, mas era da paz. Uma pessoa amável, sempre gentil com todos e todas
– menos quando era para falar dos nossos algozes.
O Zé não fumava e também não era
do boteco. Mesmo assim, o Covid conseguiu causar uma lesão enorme nos seus
pulmões e lhe roubar a vida, mesmo sendo um homem tão forte que fazia parte de
grupos de caminhada até Aparecida do Norte.
Nos últimos dias, pensei: “nossa,
como o Zé sempre confiou em mim”. Chamei-o pra militar no extinto MTS, no MOVE,
e na Enfrente!. Nunca recusou um convite. Ele sabia muito bem à qual classe
social pertencia. Morreu construindo a Enfrente! e o PSOL.
Lecionou na escola “E.E. Dr.
Fausto Cardoso Figueira de Mello”, também em São Bernardo do Campo – onde deixou
mais uma série de amigos.
Atualmente, lecionava na E.E.
Professora Teruko Ueda Yamaguti em São Paulo, e na EMEF Luiz Gonzaga do
Nascimento Jr – Gonzaguinha. Por onde passou, saudade deixou.
Seu nome não será esquecido. Mas
até agora não acredito nas minhas próprias palavras, pois ainda parece uma
ficção imaginar que o Zé morreu. Quem vos escreve está em verdadeiro estado de
choque. Um dos nossos tombou. Não acredito que vou chamar seu nome, Zé.
José Luiz Torres – presente!
José Luiz Torres – presente!
José Luiz Torres – presente!
E com certeza o Zé gostaria que
terminasse assim:
#ForaBolsonaro
#VacinaJá
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